03-junho-2016
Solenidade do Sagrado
Coração de Jesus
O Papa Francisco afirmou:
“ Deixar-nos amar pelo Senhor com ternura é difícil, mas é o que devemos pedir
a Deus. O Senhor nos ama com ternura. Não nos ama com as palavras . Ele se
aproxima e nos dá o amor com ternura”. Em outro momento afirmou: “Do Coração de Jesus, cordeiro imolado na
cruz, brotam o amor, o perdão e a vida para todos”. Este amor é forte, porque
nos faz ver a fortaleza e a constância do amor de Deus. Mais difícil que amar a
Deus é deixar-se amar por Ele. A maneira de retribuir tanto amor é abrir o
coração e deixar-nos amar. O Coração de Jesus é amor e sua fonte. Edificante é retribuir amor com amor. Só
amando aprendemos a amar.
Pe. Antonio Francisco Bohn
Solenidade do Sagrado Coração de Jesus
A liturgia deste dia nos convida a contemplar a bondade,
a ternura e a misericórdia de Deus pelos homens – por todos os homens, sem
exceção. Como imagem privilegiada para exprimir esta realidade, a Palavra de
Deus utiliza a figura do Pastor: Deus é o Pastor que, com amor, cuida do seu
rebanho. A primeira leitura apresenta
Deus como um “bom pastor” (contraposto aos líderes de Israel, os “maus
pastores” que conduziram o Povo por caminhos de egoísmo e de morte), cuja
preocupação fundamental é o bem-estar do seu rebanho; nesse contexto, o profeta
anuncia a obra do Pastor/Deus: libertação do rebanho/Povo, o êxodo para a terra
da liberdade, a condução do rebanho para “pastagens excelentes” e os cuidados
amorosos que o Pastor dispensará a cada uma das suas ovelhas. A segunda leitura
nos lembra que o amor de Deus se derrama continuamente sobre os homens. A prova
cabal desse imenso amor é Jesus Cristo, o Filho que o Pai enviou ao nosso
encontro para nos libertar do egoísmo e do pecado e que deu a própria vida para
que o projeto de amor do Pai se concretizasse e atingisse a humanidade inteira. O Evangelho retoma a imagem do Deus/Pastor,
cujo amor se derrama, de forma especial, sobre as ovelhas feridas e perdidas do
rebanho. Dessa forma, sugere-se que o Pastor/Deus não só não exclui ninguém da
sua proposta de salvação – nem sequer aqueles que, pelas suas atitudes
“politicamente incorretas” são marginalizados pelos outros homens – mas até tem
um “fraco” especial pelos excluídos: são precisamente esses os destinatários privilegiados
do amor de Deus.
Reflexão:
A parábola do pastor que abandona noventa e nove ovelhas
no deserto para ir à procura de uma que se perdeu e que, chegado a casa,
convoca os amigos e vizinhos para celebrar o encontro da ovelha perdida, é uma
parábola estranha, se olharmos para ela com critérios de coerência e de lógica.
Faz sentido abandonar noventa e nove ovelhas por causa de uma? E faz sentido
esse estardalhaço diante dos amigos e dos vizinhos, por causa de um fato tão
banal para um pastor como é o reencontrar uma ovelha que se extraviou do grupo?
Ora, são precisamente nesses exageros e nessas reações desproporcionadas que
transparece a mensagem essencial da parábola.
Os relatos evangélicos põem, com frequência, Jesus em contato com gente
reprovável, apontada a dedo pela sociedade, como os cobradores de impostos e as
mulheres de má vida. É impossível que os discípulos tenham inventado isto:
ninguém da comunidade cristã primitiva estaria interessado em atribuir a Jesus
um comportamento “politicamente incorreto”, se isso não correspondesse à
realidade histórica. Não há dúvida: Jesus convivia com gente duvidosa, com
pessoas a quem os “justos” preferiam evitar, com pessoas que eram marginalizadas
por causa dos seus comportamentos escandalosos, atentatórios da moral pública.
Certamente não foram os discípulos que inventaram para Jesus o injurioso apelido de “comilão e
bêbedo, amigo de publicanos e de pecadores (Mt 11,19; cf. 15,1-2). Porque é que
Jesus se dava com essas pessoas?
Porque, na perspectiva de Lucas, Jesus é o amor de Deus que Se faz pessoa e que
vem ao encontro dos homens – de todos os homens – para os libertar da sua
miséria e para lhes apresentar essa realidade de vida nova que é o projeto do
“Reino”. A solicitude de Jesus para com os pecadores mostra-lhes que Deus os
ama, que Deus não os rejeita, que Deus os convida a fazer parte da sua família
e a integrar a comunidade do “Reino”. É que o projeto de salvação de Deus não é
um condomínio fechado, com seguranças fardados para evitar a entrada de
indesejáveis; mas é uma proposta universal, onde todos os homens e mulheres têm
lugar, porque todos – maus e bons – são filhos queridos e amados do Pai/Deus. A
lógica de Deus é sempre dominada pelo amor.
A “parábola da ovelha perdida” pretende, precisamente, dar conta desta
realidade. A atitude desproporcionada de “deixar as noventa e nove ovelhas no
deserto para ir ao encontro da que estava perdida” sublinha a imensa
preocupação de Deus por cada homem que se afasta da comunidade da salvação e o
“inqualificável” amor de Deus por todos os homens que necessitam de libertação.
O “pôr a ovelha aos ombros” significa o cuidado e a solicitude de Deus, que
trata com amor e com cuidados de Pai os filhos feridos e magoados; a alegria
desmesurada do “pastor” significa a felicidade imensa de Deus sempre que o
homem retorna ao caminho da felicidade e da vida plena.
Jesus anuncia, aqui, a salvação de Deus oferecida aos pecadores, não porque
estes se tornaram dignos dela mediante as suas boas obras, mas porque o próprio
Deus Se solidariza com os excluídos e marginalizados e lhes oferece a salvação.
Encontramos aqui o cumprimento da profecia de Ezequiel que nos foi apresentada
na primeira leitura: Deus vai assumir-Se (através de Jesus) como o Bom Pastor,
que cuidará com amor de todas as ovelhas e, de forma especial, das
desencaminhadas e perdidas.
• Antes de mais nada, o que está em causa na leitura que
nos é proposta é a apresentação do imenso amor de Deus. Deus ama de forma
desmesurada cada mulher e cada homem. É esta a primeira coisa que nos deve
“tocar” ao celebrarmos o Coração de Jesus. Interiorizamos suficientemente esta
certeza, deixamos que ela marque a nossa vida e condicione as nossas opções?
• O amor de Deus dirige-se, de forma especial, aos
pequenos, aos marginalizados, aos necessitados de salvação. Os pobres e fracos
que encontramos nas ruas das nossas cidades ou à porta das igrejas das nossas
paróquias encontram nos “profetas do amor” a solicitude maternal e paternal de
Deus? Apesar do imenso trabalho, do cansaço, do “stress”, dos problemas que nos
incomodam, somos capazes de “perder” tempo com os pequenos, de ter
disponibilidade para acolher e escutar, de “gastar” um sorriso com esses excluídos,
oprimidos, sofredores, que encontramos todos os dias e para os quais temos a
responsabilidade de tornar real o amor de Deus?
• Tornar o amor de Deus uma realidade viva no mundo
significa lutar objetivamente contra tudo o que gera ódio, injustiça, opressão,
mentira, sofrimento… Inquieto-me, realmente, frente a tudo aquilo que desfigura
o mundo? Pactuo (com o meu silêncio, indiferença, cumplicidade) com os sistemas
que geram injustiça, ou me esforço
ativamente por destruir tudo o que é uma negação do amor de Deus?
• As nossas comunidades (cristãs e religiosas) são
espaços de acolhimento e de hospitalidade, oásis do amor de Deus, não só para
os amigos e confrades, mas também para os pobres, os marginalizados, os
sofredores que buscam em nós um sinal de amor, de ternura e de esperança?
fontes:
www.dehonianos.org
e
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